10/12/2020

Mulher do agro e do século 21

Mulher do agro e do século 21

 

Após assumir a gestão da propriedade do pai, Marina introduziu diferenciais tecnológicos à granja no interior de Venâncio Aires

 

Marina Henckes Frey (33), A “Nina”, é uma mulher do século 21. Formada em Ciências Biológicas pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), deixou a formação e o emprego consolidado na área financeira para tornar-se gestora da propriedade rural do pai, Irio Frey (65). Marina é associada à Dália Alimentos desde março de 2018, legado que quer seguir como fez o pai com o avô Blondo (in memoriam), que deu início à atividade leiteira na década de 1950, marcando um ápice na história da pecuária leiteira de Venâncio Aires com a realização da primeira inseminação artificial em vacas no município.

A jovem, mãe de Lucca (7), cresceu em meio aos animais, principalmente das vacas, principal atividade desenvolvida na localidade de Linha Cecília, no interior do município. O dia a dia observando avô e pai trabalhando com os animais fez com que Marina adquirisse um amor especial por eles. Adulta, embora ter estudado e trabalhado na cidade por longos anos, retornava à casa dos pais somente aos finais de semana e sempre que podia ajudava na atividade leiteira.

Com o acréscimo de volume de trabalho e escassez de mão de obra, Irio cogitou vender as vacas e cessar com a atividade. Foi então que Marina decidiu que voltaria para casa e assumiria a atividade, mantendo a sucessão e o legado das outras gerações. “Assumi como gestora no dia 13 de julho de 2018”, recorda. Antes disso, em 2017, Marina já pensava em um projeto de expansão para a atividade e nele constava a inserção de muita tecnologia e várias mudanças. “Voltei para dar sequência a tudo o que o meu avô e o meu pai construíram ao longo destes anos e também com uma visão diferente, de empreendedorismo e de construção de novos horizontes”.

Antes de tudo, Marina buscou por qualificação na área. Fez cursos de inseminação, visitou outras propriedades para a busca de informações e dar vida ao sonho. Em agosto de 2018, Irio esteve em uma feira em Castro, no Paraná, e sabendo dos anseios da filha, comprou dois robôs para a realização da ordenha. “A gente possui vontade e, mais que isso, força de vontade para fazer acontecer”, reforça Marina.

 

Tecnologia aplicada ao cenário local

Quando Marina elaborou o primeiro projeto já pensava em instalar robôs para a realização da ordenha dos animais. Dois foram alocados e começaram a operar em 22 de junho deste ano dentro da instalação Compost Barn, que possui área construída de 2948,94 metros quadrados e recebeu as vacas para adaptação em 22 de abril. Importados da Alemanha, cada robô da marca GEA chega a ordenhar até 70 vacas por dia.

O investimento foi pensado em cada detalhe, principalmente na qualidade de vida da família e também dos animais. O Compost Barn tem capacidade para alojar até 140 animais e, além da ordenha robotizada, possui oito ventiladores com o efeito HVLS, que significa Grande Vazão com Baixa Velocidade. Hoje a produção na propriedade atinge os 2.550 litros de leite por dia com projeção de chegar ao volume de 5.000 litros por dia em dois anos. Para isso se concretizar, um terceiro robô deverá ser instalado a médio e longo prazos, além de ocupar 100% da capacidade do Compost e, futuramente, ampliar para 210 animais. O plantel possui 92 vacas lactantes com uma média de produção de 27 litros de leite/vaca/dia, além de 11 secas, 24 novilhas inseminadas e prenhas, 5 em fase de inseminação, 24 com idade entre 6 e 12 meses e 15 terneiras com menos de 6 meses.

 

Estágio e escola

Visionária, Marina faz planos para que em 2021 a granja da família possa receber futuros médicos veterinários, zootecnistas, técnicos agrícolas e estudantes na área da bovinocultura de leite para realizarem seu período de estágio. Também quer tornar a propriedade uma escola para repassar todo aprendizado e expertise a interessados em melhorar ou ingressar na atividade leiteira.  “Vivemos do leite e dele também queremos transmitir conhecimento a quem se interessar com um projeto novo aqui em nossa região, com boas ideias e aulas práticas”.

 

Vale dos Lácteos

A propriedade integra o Programa Vale dos Lácteos – hoje com 63 propriedades – e foi por meio dele que índices positivos foram alcançados e que começou a dar mais ênfase à parte de reprodução com acompanhamento veterinário quinzenal para a parte ginecológica, de patologias, diagnóstico de gestação precoce, ressincronização de vacas e melhorar a genética do rebanho.

O veterinário Eduardo Motta Caminha (39), da Dália Alimentos, visita a propriedade e auxilia no processo de levantamento de dados, desde novembro de 2018, quando a propriedade passou a fazer parte do programa. “São dois anos para começar a ver os resultados e aqui contabilizamos gratas surpresas com intervalo entre partos de 462 para 414, de Dias em Leite de 229 para 190 e de vacas prenhas de 40% para 55% média ano. Eficiência e muito trabalho resumem estes índices”, explica.

Segundo ele, os números, considerados excelentes, se resumem na adoção de manejos, sanitário, conforto para as vacas, alimentação em quantidade e qualidade suficientes, dedicação e afeto pelos animais. “É sempre muito prazeroso visitar propriedades que cuidam realmente de suas vacas. Existe um ditado que expressa o sentimento que devemos ter com nossos animais que é: se eu fosse vaca queria ser uma das minhas”.

Foto: Carina Marques

 

Assessoria de Imprensa Cooperativa Dália Alimentos

Jornalista Carina Marques

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