11/05/2020
Qual o cenário da Dália neste momento de pandemia e estiagem?
Entrevista | Presidente do Conselho de Administração da Dália Alimentos, Gilberto Antônio Piccinini
Qual o cenário da Dália neste momento de pandemia e estiagem?
DÁLIA EM NOTÍCIAS – Como a Cooperativa Dália Alimentos está enfrentando a Covid-19 e a estiagem?
Presidente – Desde o início a Dália Alimentos levou a sério a segurança de seus funcionários, associados, clientes e prestadores de serviços e adotou inúmeros protocolos para evitar a proliferação do vírus. Criou-se um Grupo de Gestão de Controle de Risco ao Coronavírus e, diariamente, ações são incluídas com o propósito de evitar o contágio desta doença na cooperativa. Quanto à seca, é evidente que ela está prejudicando o quadro social, que sofre com os impactos nas lavouras de milho para silagem e com as incertezas na semeadura das pastagens de inverno. Já em nossas indústrias de suínos, lácteos e frango, que operam com recursos hídricos do Rio Taquari, também existe uma ampla preocupação com a escassez de água.
DÁLIA EM NOTÍCIAS – Ainda em relação à estiagem, quais os principais impactos registrados nos setores leiteiro, suinícola e avícola, cujas atividades são praticadas por produtores associados à cooperativa?
Presidente – No leite, sem dúvida é a redução drástica do volume produzido, a qualidade e a quantidade de silagem elaborada e o atraso no plantio das pastagens de inverno como trigo, aveia e azevém, além da falta de água para os rebanhos. Já na suinocultura é a impossibilidade de alojar os animais em função da falta de água. Devido a isso, uma parcela significativa de produtores não consegue alojar os suínos e aguarda a reposição das águas para a retomada da atividade. Orienta-se planejamento e foco nos custos de produção, seja qual for a atividade. Na pecuária leiteira importante fazer a seleção dos rebanhos, priorizando as vacas mais produtivas e eficientes. Neste momento, é impossível projetar o futuro, pois existe uma grande interrogação sobre nós, mas a recomendação é não desanimar e se preparar para a retomada.
DÁLIA EM NOTÍCIAS – Em relação ao preço do leite, quais as mudanças realizadas com a finalidade de auxiliar os produtores neste momento?
Presidente – A Dália Alimentos, por se tratar de uma cooperativa que rigorosamente efetua o pagamento do leite sempre no dia 10 de cada mês, por vezes também é a primeira empresa-cooperativa a definir o preço do leite. Em função disso, neste momento de instabilidade econômica, causada pela estiagem e pala pandemia, o Conselho de Administração e a Direção, definiram permanecer com o pagamento no dia 10 e aguardará o fechamento do balanço mensal para apurar o resultado obtido na atividade. Sendo assim, caso haja a possibilidade, poderá ser feiro o pagamento de uma complementação sobre o preço do leite.
DÁLIA EM NOTÍCIAS – O ano de 2019 foi avaliado como satisfatório pelo Conselho de Administração, sendo que para 2020 as projeções também eram otimistas. Diante deste cenário, qual a estratégia para o próximo semestre, tendo em vista que o primeiro foi afetado drasticamente afetado?
Presidente – A cooperativa iniciou o ano de 2020 com resultados positivos, superando as estimativas e expectativas logo no primeiro trimestre. Evidentemente essa pandemia, aliada à estiagem, afetou as atividades, tanto no mercado interno como externo. O segundo semestre ainda é uma incógnita e certamente sofrerá os reflexos do que está acontecendo. Por isso, pretendemos manter nossas atividades preservadas e saudáveis, tanto para associados quanto para funcionários, e, quando passar, recuperarmos o tempo perdido, assim como nossa economia.
DÁLIA EM NOTÍCIAS – Em relação ao Calendário de Eventos, que estava programado para este ano, como ficou? Tratando-se prioritariamente a Assembleia Geral Ordinária (AGO), que seria realizada em março, quando ocorrerá?
Presidente – Pela primeira vez na história da cooperativa, pelo que sabemos em registros, a Assembleia Geral Ordinária não pode ser realizada em função do Coronavírus. Amparada pela legislação que autorizada que empresas S/A, Ltda’s e cooperativas suspenderem temporariamente a realização destas reuniões até o prazo de 31 de julho de 2020, a Dália seguiu a este protocolo e tão logo essa pandemia passe, realizaremos a assembleia.
DÁLIA EM NOTÍCIAS – A AGO é o momento em que o Conselho e a Direção realizam a prestação de contas, apresentam o balanço, relatam as atividades, elege o Conselho Fiscal e tratam-se assuntos de extrema importância, com aprovação e deliberação dos associados. O que o adiamento temporário da AGO impacta na cooperativa?
Presidente – Em primeiro lugar foi a impossibilidade de encerrar o exercício de 2019 dentro do prazo, que era até o final de março. No ano que passou obtivemos resultados extremamente positivos, e ainda se encontram pendentes de votação a participação nos resultados, tanto para associados quanto para funcionários, além da eleição do Conselho Fiscal, que resultou na prorrogação do mandato dos atuais conselheiros. Mas o que mais impacta é a falta de contato entre a Direção e as famílias associadas, que ocorria com a realização das assembleias regionais, momento aguardado com entusiasmo por todos nós. Tão logo tudo seja normalizado, esperamos nos reencontrar para repassar todas as informações.
DÁLIA EM NOTÍCIAS – Em quase 73 anos de história da Dália Alimentos, qual o seu sentimento em não poder realizar uma AGO, o que até então é considerado um fato histórico?
Presidente – O sentimento é de estranheza e de distanciamento do quadro social, já que nem a AGO e nem as assembleias regionais puderam ser realizadas. Nos falta o contato com as famílias associadas e a interação com cada uma delas. Sem dúvidas, trata-se de um ano atípico, em que o mundo está perplexo diante desta pandemia.
DÁLIA EM NOTÍCIAS – Ainda se tratando do Calendário de Eventos, na área social haveria o Encontro de Mulheres, em maio; o curso de Formação de Lideranças da Propriedade Rural para Jovens, no transcorrer do ano; entregas do Programa Criança Dália; o Dia da Criança Dália, em outubro e o Natal Criança Dália, em dezembro. Como permanece essa agenda diante deste momento imprevisível?
Presidente – Nossa ideia é manter estes eventos e programas, tendo em vista a importância de cada um. Mas precisamos aguardar o momento certo para realizá-los, após passar essa pandemia. Assim que a situação estiver normalizada, estaremos reprogramando a agenda, retomando os eventos, as atividades, os programas e as ações.
Dália em Notícias – Por se tratar de uma cooperativa que produz alimentos, a Covid-19 impacta menos do que em outras empresas ou ramos de atuação? E como essa crise econômica está afetando o negócio?
Presidente – De uma maneira geral, o cenário econômico é preocupante, seja em âmbito mundial, nacional, estadual, regional municipal ou cooperativo. Existem economias mais pujantes que outras e sabemos que o Brasil se encontra em uma faixa intermediária. Nossa esperança é de que haja um entendimento entre as autoridades e que os interesses políticos sejam deixados de lado para que a saúde e a economia sejam prioritárias neste momento. O impacto existe e estamos atentos para a retomada que acontecerá após essa temporada de crise. Fazemos parte de um setor que desde o início do vírus foi autorizado a manter a operação, justamente por se tratar do ramo alimentício, com precaução e seguindo as recomendações impostas pela legislação. Para isso foi necessário afastar os funcionários que pertencem aos grupos de risco e, com isso, a redução no número de funcionários, limitar o distanciamento entre os trabalhadores nas indústrias, além de uma série de ações que vem sendo adotadas há dois meses.
DÁLIA EM NOTÍCIAS – Diante deste contexto, quais os diálogos mantidos com as autoridades do setor do agronegócio para amenizar os efeitos da seca e deste vírus, como a ministra da agricultura, senadores, deputados, prefeitos e outras lideranças?
Presidente – Os diálogos são diários, tanto eu como o presidente executivo Carlos Alberto, estamos mantendo contato com autoridades nas esferas federal, estadual, regional e municipal e participamos de videoconferências onde há a troca de informações e a elaboração de documentos, mantendo as autoridades a par do trabalho que vem sendo desenvolvido, bem como das necessidades e demandas do segmento agroindustrial em que atuamos.
DÁLIA EM NOTÍCIAS – Neste ano você assumiu a vice-presidência da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC Vale do Taquari). Como o grupo analisa o momento e se existem ações estabelecidas?
Presidente – Somos uma cooperativa e, portanto, trabalhamos de forma associativa e percebemos que o mundo empresarial também aderiu à forma de trabalhar em conjunto, garantindo uma melhor condução dos assuntos coletivos. As videoconferências são de extrema importância e em uma delas contamos com a participação do senador Luis Carlos Heinze, que possui fácil diálogo com a Dália e recebeu demandas do setor empresarial e cooperativo. Entre as demandas, as linhas de financiamento e o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural), que segundo o senador, serão revistas. Os integrantes da CIC-Vale do Taquari são dos mais variados segmentos, o que permite compartilhar informações sobre todos os nichos de mercado.
DÁLIA EM NOTÍCIAS – Na condição de presidente do Conselho de Administração, qual sua mensagem a todas as famílias que fazem parte da Dália e que aguardam por dias melhores?
Presidente – Ao longo de duas décadas ligado diretamente à cooperativa, eu e toda a equipe nos deparamos com vários momentos de crise, de instabilidade econômica e financeira, de estiagem ou excesso de chuvas, de barreiras sanitárias e, agora, com uma novidade desagradável: uma pandemia mundial. A nossa mensagem é de que todos sigam as orientações determinadas pelos órgãos competentes, sigam preservando sua saúde, agindo com tranquilidade, preservando todos os cuidados para manter o vírus longe e que, em breve, possamos nos reencontrar em momentos felizes deixando tudo isso no passado, como parte de uma história que felizmente conseguiremos superar.
Carina Marques
Jornalista :: MTB/RS 18.472
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