18/09/2025

Atenção associado: evite perdas no uso de antibióticos na produção de leite

Entre janeiro e junho de 2025, foi registrado na Cooperativa Dália Alimentos um volume significativo de leite descartado devido à presença de resíduos de antibióticos. As Instruções Normativas nº 76 e nº 77 do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) estabelecem padrões rigorosos de controle de qualidade, que determinam a ausência total de resíduos desse tipo no leite.
O Presidente Executivo, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, detalha que no primeiro semestre deste ano, foram produzidos mais de 90 milhões de litros de leite e descartados 11,9 mil litros, equivalente a 0,013% da produção. Neste sentido, ele reforça sobre a importância de evitar desperdícios decorrentes de resíduos de antibióticos, uma vez que a Dália tem se empenhado em remunerar os produtores com o maior valor possível, enquanto os associados trabalham com rigoroso controle de custos.
“A análise desses episódios leva a crer que os descartes foram, em grande parte, consequência de lapsos dos produtores, que acreditavam que não havia mais resíduos de antibiótico no leite, e por isso o enviaram à indústria. O problema se agrava porque o leite contaminado acaba por comprometer toda a carga transportada no mesmo compartimento do caminhão, afetando também a produção de outros associados. Nesses casos, o produtor responsável arca com os prejuízos totais, incluindo os volumes descartados dos demais, gerando uma perda financeira significativa e prejudicando a rentabilidade da atividade”, complementa Freitas.

Uso do medicamento
De acordo com o médico-veterinário da Dália Alimentos, Luciano Redu, o uso de antibióticos em animais em lactação deve ocorrer somente em situações específicas, geralmente após o diagnóstico de doenças bacterianas — ou, em alguns casos, de origem viral.
O profissional reforça que a medicação nunca deve ser feita por iniciativa própria do produtor rural. “O produtor rural associado somente deve medicar o animal por recomendação do médico-veterinário, pois o uso indiscriminado pode trazer riscos à saúde animal, à qualidade do leite e à segurança alimentar”, destaca Luciano.
Ele explica ainda que, nos casos em que a enfermidade exige tratamento com antibióticos, é fundamental redobrar os cuidados com a produção de leite. Isso porque existe a possibilidade de resíduos de medicamentos no alimento, o que torna indispensável o respeito ao período de carência — intervalo de tempo necessário até que o leite volte a ser adequado para consumo.
Entretanto, Redu alerta para a forma correta de proceder ao administrar medicamentos nos animais. “Sempre recomendamos que o produtor siga rigorosamente as orientações da quanto à dosagem adequada e à via de aplicação, seja subcutânea, intramamária ou intramuscular. É fundamental que o associado esteja ciente das orientações antes da aplicação, a fim de compreender corretamente a posologia: via de administração, dosagem e período de carência do medicamento”, orienta o veterinário, reforçando que as dúvidas podem ser dirimidas com a orientação profissional de um veterinário.
A também Médica Veterinária, Tais de Souza, explica que o produtor que optar por utilizar medicamentos que necessitam descarte de leite deverão seguir rigorosamente as orientações do médico veterinário para assegurar o cumprimento do período de carência. “Logo após esse período de carência o procedimento adequado é a coleta de amostra do leite e enviá-lo ao laboratório da laticínios, para análise e, dependendo do resultado, juntar ou não o com as demais ordenhas da propriedade e enviá-lo à indústria”, frisa Tais.

Produção com responsabilidade
Já a gerente da Divisão de Controle de Qualidade, Ivane Giacobbo, alerta os produtores para a responsabilidade de garantir a produção de um alimento seguro. Para isso, é fundamental buscar sempre a orientação de um médico-veterinário e respeitar rigorosamente as instruções de uso e o período de carência dos medicamentos utilizados no tratamento dos animais. “Em relação ao período de carência, é importante que o produtor se certifique de que o leite está livre de resíduos de antibióticos. Para isso, deve enviar uma amostra do leite dos animais tratados, informando, na solicitação, qual medicamento foi administrado. Apenas com resultado negativo o leite deve ser entregue à indústria”, explica Ivane.
Ela destaca que esses cuidados contribuem para a melhoria contínua da qualidade da matéria-prima utilizada na fabricação de produtos. “É essencial atender às instruções normativas do Ministério da Agricultura e seguir a política de controle de resíduos de antibióticos e inibidores de crescimento microbiano.”
Ivane também lista as principais etapas para o uso responsável de antibióticos: utilização exclusiva de medicamentos registrados pelo MAPA; seguir estritamente a orientação técnica, em relação às doses e ao respeito dos períodos de carência; acondicionar antibióticos e outros medicamentos de forma segura, prevenindo usos indevidos e contaminações acidentais do leite; verificar sempre o prazo de validade antes da utilização; separar os animais doentes, tratados e aqueles em período de colostragem.
“Os animais doentes devem ser devidamente identificados e separados do rebanho saudável para receberem cuidados especializados. Todo animal em tratamento deve ser ordenhado separadamente, para reduzir o risco de contaminação do leite por resíduos de antibióticos”, orienta a gerente.
Ivane reforça ainda que, quando uma amostra de leite aponta a presença de antibióticos, não pode ser utilizado para a produção de alimentos destinados ao consumo humano, nem mesmo para alimentação animal, restando apenas o descarte. “O leite com resíduos de antibióticos gera perdas tanto para o produtor quanto para a indústria. Para o produtor, porque não recebe pelo produto e ainda assume o custo do leite dos demais associados que estavam no mesmo compartimento do tanque transportador. Já para a cooperativa, há a necessidade de destinar o leite para empresas de compostagem ou, quando possível, para tratamento na Estação de Tratamento de Efluentes, além da impossibilidade de transformá-lo em produtos para comercialização”, conclui.

 

Legenda: antibiótico usado para gado leiteiro

Fotos: Kástenes Roberto Casali

Assessoria de Imprensa Cooperativa Dália Alimentos

Jornalista Kástenes R. Casali

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