04/06/2024
Dália retoma atividade
Cooperativa mostra resiliência e retorna as operações no frigorífico de suínos e no Complexo Industrial avícola
A Cooperativa Dália, que teve as unidades frigoríficas de suínos em Encantado e o Complexo Industrial Avícola em Arroio do Meio atingidas pela maior catástrofe natural do RS, retomou as atividades neste dia 20/05 após o trabalho de recuperação e limpeza.
Otimista, o Presidente do Conselho de Administração, Gilberto Antônio Piccinini, detalha que a unidade mais atingida foi o frigorífico de suínos, localizado na matriz em Encantado, mas que a recuperação foi rápida e eficiente. “Mesmo com a equipe reduzida, pois muitos colaborados também tiveram suas casas atingidas, conseguimos realizar a limpeza de forma bastante rápida”, afirma Piccinini ao agradecer a colaboração dos funcionários.
Já o Complexo Industrial Avícola em Arroio do Meio foi pouco atingido pela inundação e ficou sem operar pela falta de energia elétrica na localidade. “Este foi outro lugar que necessitou de limpeza e troca de alguns equipamentos eletrônicos”, relata o presidente do conselho ao mencionar que, inicialmente, a retomada será com menor volume de produção e em breve, a projeção é atingir a capacidade produtiva normal da indústria.
O complexo Industrial Lácteo não foi inundado, sendo que, afetou apenas a Estação de Tratamento de Água (ETA). “Na lacticínios não tivemos maiores problemas. O envase de leite UHT já havia sido retomado e agora, voltamos a operar com a industrialização de leite em pó”, ressaltou.
Desafio maior
Piccinini ainda salienta que este tem sido de fato uma década cheia de incertezas, começando com a pandemia, seguindo dos altos custos de produção na atividade agropecuária ocasionando a crise da produção de proteína animal e, culminando nas catástrofes climáticas. “São inúmeras demandas neste momento, mas o maior desafio e que todos precisámos agora, é a retomada do setor produtivo que exige a reconstrução na infraestrutura logística nos acessos das rodovias que interligam e cruzam a região do Vale do Taquari. Essa será a nossa discussão junto ao estado, pois precisamos manter a região viva e garantir os empregos”.
Agravantes
O Presidente Executivo, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, recorda que em menos de um ano, a cooperativa sofreu com quatro inundações. Em setembro e novembro do ano passado e, agora, duas delas no mês de maio. “Não está sendo fácil, porque cada ocorrência traz consigo, além de muitos prejuízos econômicos e destruição, outro grande problema que é o período em que a indústria não opera. Cada vez que uma indústria suspende a produção, também cessa seu faturamento, pois não há produtos para comercializar. Além disso, não foi possível utilizar parte dos estoques existentes, devido à falta de energia elétrica para sua conservação, principalmente nas indústrias de leite e frango onde a restauração ocorreu após duas semanas”, ressalta ao falar sobre os prejuízos decorrentes com a invasão das águas do rio Taquari.
Carlos Alberto relata que a cada inundação, o recomeço fica mais difícil e, se não houvesse uma equipe de trabalho dinâmica e eficaz e um quadro social parceiro na Dália, seria mais complexo. “Não é à toa que os historiadores deram ao nosso livro o título de “Destemidos”, porque tanto os fundadores, como os que nos antecederam e os atuais, cada um em seu tempo, mostraram-se destemidos e trabalharam pela grandeza da Dália. E, graças a isso – funcionários, associados e comunidade – temos conseguido retomar”.
Contudo, o gestor afirma que desta vez, há um agravante, a depredação logística de toda a região, com estradas e pontes inutilizadas, consequentemente, funcionários não conseguem chegar ao trabalho, perderam suas casas e outros que desistiram de trabalhar na região. “Então, mesmo em condições de reiniciar o trabalho, há falta de gente para trabalhar. O mesmo acontece em relação à matéria-prima que abastece as fábricas: não é possível recolher toda a produção de leite e suínos, pois há propriedades que ainda estão ilhadas”, salienta Freitas ao mencionar o problema trazidos pelas danificações da malha rodoviária
Atuações do Governo
Este é o quarto grande prejuízo em menos de um ano e a situação, de acordo com o presidente executivo, está ficando mais difícil. “Desde a primeira ocorrência, em setembro do ano passado, vínhamos discutindo com o Governo Federal, a liberação de linhas de financiamento de longo prazo para investimentos preventivos a novas inundações, porém, não obtivemos o suporte necessário, e, com isso, as grandes empresas, a exemplo da Dália, retomaram suas atividades sem aporte de novos recursos de longo prazo”.
“Agora, a pergunta que fazemos é: teremos desta vez, algum auxílio, não a fundo perdido, mas linhas de financiamento do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com prazo e taxa de juros civilizada?”, questiona Freitas.
Ele relata a importância de financiamentos com prazos de pagamento adequados. “Empresas que foram atingidas quatro vezes em menos de um ano, se não obtiverem linhas de financiamentos dos bancos governamentais, enfrentarão uma gama de dificuldades. De nossa parte, estamos fazendo o possível para a continuidade da Dália, pois estamos cientes de sua importância social e econômica para a cidade, região e estado”.
Carlos Alberto revela que a meta é recolocar as indústrias em funcionamento e, retomar a produção, mesmo que, inicialmente, em menor escala, porém, é impossível que essas perdas não apresentam consequências negativas. “Ainda não dimensionamos o prejuízo, mas sabemos que será em volume muito expressivo, uma vez que também atingiu a produção do campo, com morte de animais, destruição de instalações e deslizamentos em estradas e propriedades. Por isso, os prejuízos serão mais vultosos desta vez, mas vamos prosseguir em nossa missão, acreditando que temos condições, sim, de virar essa página”, conclui.
Legenda: Assim como as outras unidades fabris, o frigorífico de suínos em Encantado (foto) retomou as atividades industrias no dia 20/05
Foto: Kástenes Casali
Assessoria de Imprensa Cooperativa Dália Alimentos