10/02/2025

Em visita à Dália, agências da ONU conhecem processo de contratação de pessoas refugiadas e migrantes

Há 13 anos Cooperativa foi pioneira em trazer haitianos de Brasileia no Acre para trabalhar na empresa  

Após a Cooperativa Dália Alimentos oportunizar 53 novos postos de trabalho para venezuelanos, duas agências vinculadas à Organização das Nações Unidas (ONU) se reuniram na Dália em Encantado, na manhã do dia 24/01, para conhecer o suporte que a Cooperativa oferece na interiorização e empregabilidade de pessoas refugiadas, migrantes e que necessitam de proteção internacional.

Segundo o Presidente Executivo, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, a Dália tem explorado alternativas na contratação de trabalhadores, incluindo pessoas que não são brasileiras e que estão aptas para o mercado de trabalho formal no país. “Sentimo-nos muito alegres em colaborar com essas famílias, proporcionando-lhes uma nova oportunidade por meio do trabalho e a possibilidade de uma vida digna”, afirma Freitas.

Carlos Alberto também reflete sobre a difícil decisão dessas famílias de deixarem seus países de origem em busca de melhores condições no Brasil. “Enfrentar essa transição deve representar inúmeros desafios para essas famílias. Assim como ocorreu com os descendentes de imigrantes italianos e alemães que fundaram a cooperativa, sentimos uma profunda satisfação em oferecer empregos a essas pessoas. Além disso, essa iniciativa será vantajosa para a Dália, que poderá aumentar sua capacidade produtiva e atender às demandas do mercado”, ressalta o gestor.

Dália conta com mais de 400 estrangeiros 

Durante a reunião, o Vice-Presidente Executivo, Igor Estevan Weingartner, apresentou os ramos de atuação da Cooperativa e o número de  trabalhadores contratados pela empresa e que haviam sido forçados a deixar seus países. “Atualmente, são 351 haitianos, 32 venezuelanos, 15 dominicanos, 8 argentinos, 7 cubanos, 4 uruguaios e um paraguaio”, detalhou Weingartner, totalizando 418 imigrantes.

O dirigente lembrou que a contratação dos primeiros haitianos foi uma iniciativa da Dália, sem incentivo de órgãos públicos. A Cooperativa trouxe o primeiro grupo de famílias haitianas em 2012, vindas de Brasileia, Acre. Destacou que a Dália foi pioneira na região ao oferecer 50 postos de trabalho aos haitianos e, em 2013, buscou um segundo grupo de 70 famílias.

“Naquele primeiro momento enfrentamos diversos desafios na interiorização. O primeiro foi o choque cultural, seguido pela dificuldade em encontrar um tradutor, devido às diferenças linguísticas, para o processo de adaptação. Também observamos desafios na integração social com a comunidade encantadense e a necessidade de suporte do município para atender às demandas de educação básica e saúde”, explicou.

Weingartner enfatizou que para facilitar a adaptação das famílias, a Cooperativa ofereceu seis meses de estada em um hotel, com refeições e transporte gratuitos. “Após esse período, a locação de um imóvel ainda contou com o apoio e aval da Dália”.

Mencionou que a cooperativa tem em seu DNA a acolhida de estrangeiros, uma vez que em 1947 foi fundada por descendentes de imigrantes italianos e alemães. “A história nos mostra que muitos imigrantes deixaram seus países em busca de melhores condições de vida. Por isso, receber imigrantes é uma honra para a Dália e defendemos o princípio de protegê-los e oferecer-lhes um tratamento igualitário, sem distinção étnica”, destacou.

Projeto Venezuelanos

Conforme a Supervisora do Setor Pessoal, Sandra Simonis Lucca, esta importante reunião com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) ocorreu após o contato da empresa com o ACNUR, onde foram identificadas oportunidades para incentivar o processo chamado de interiorização – onde pessoas venezuelanas voluntariamente se dispõem a ir de Roraima, na região Norte, para outros locais do Brasil. “Em dezembro recebemos a visita de representantes da ACNUR de Brasília e São Paulo, que nos informaram a existência de refugiados em busca de oportunidades em Boa Vista, Roraima”, relata Sandra.

Com uma reunião agendada para listar os pré-requisitos e a necessidade de divulgar as vagas e as condições, a equipe da Dália, com o aval da diretoria, se deslocou até Roraima para realizar as entrevistas. Lá, junto com o ACNUR e com outras organizações ligadas ao processo de interiorização, a supervisora apresentou a estrutura da Dália ao grupo interessado em trabalhar na cooperativa. “Realizamos as entrevistas individualmente com cada família e selecionamos os grupos familiares dispostos a vir para o RS, conforme nossa avaliação”.

A partir dessa atividade, começou a ser organizada a visita à cooperativa no Rio Grande do Sul. “Ainda em janeiro, foi agendada visita de uma comitiva composta por representantes da ACNUR e da OIM. O objetivo era identificar formas de melhorar o perfil dos candidatos refugiados para aumentar sua empregabilidade e minimizar as adversidades durante o período de migração e adaptação no RS”, explica Sandra.

Uma das recomendações do ACNUR que tem sido seguida pela  Dália oferecer é o oferecimento de 60 dias de hospedagem em hotel, com alimentação gratuita durante esse período. “Caso alguma família consiga sair do hotel antes desse prazo, auxiliaremos no aluguel até completar os 60 dias, com um valor máximo de R$ 1.800,00. Por falta de moradias disponíveis, as famílias ficarão em Arroio do Meio, 20 das quais em um hotel e outras três em casas”, comenta Sandra ao esclarecer que os novos colaboradores venezuelanos terão auxílio de estrangeiros fluentes em português para auxiliá-los durante o processo de adaptação.

Criação de postos de trabalho

Segundo Pablo Mattos, oficial de Relações Governamentais na Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) e responsável pelo escritório no RS, a Dália é uma empresa que tem empregado um número significativo de pessoas vindas de diferentes países que desejam recomeçar. “Esta visita à Dália teve como objetivo conhecer os processos de contratação e integração desses funcionários. O setor privado desempenha um papel fundamental na integração social e econômica das pessoas refugiadas e migrantes nas comunidades de acolhida, como os municípios de Encantado e Arroio do Meio”, afirmou Mattos ao destacar a importância não apenas da criação de postos formais de trabalho, mas também dos processos de integração que auxiliem essas pessoas a terem uma vida digna, com oportunidades no Brasil.

Recomeço

Esta não foi a primeira vez que Sandra Lucca viajou em busca de mão de obra para a Dália Alimentos. “Em 2012 percebi que aquelas famílias haitianas em Brasileia estavam em condições muito vulneráveis. Havia pouca comida disponível e   a vontade deles era apenas uma oportunidade para recomeçar”, relembra.

Disse que todos os selecionados pela Dália na época ficaram muito felizes. “Infelizmente, a cooperativa não podia recrutar todos, mas aqueles que vieram para Encantado viram a possibilidade de retomar uma vida digna. Além disso, para a Dália foi uma grande experiência, pois trouxe diversidade, crescimento cultural e incentivou outros colaboradores diante daquelas histórias inspiradoras de superação”, conclui.

 

Legenda: Vice-Presidente Executivo, Igor Estevan Weingartner, apresentou os ramos de atuação da Cooperativa e o número de  trabalhadores imigrantes que são mais de 400

Foto: Kástenes R Casali

Assessoria de Imprensa Cooperativa Dália Alimentos

Kástenes R. Casali

Fale com a Dália
Desenvolvido por Toyz Propaganda e Bravo Interativa