Suinofest: Inspirada nos EUA, festa de Encantado se tornou referência da suinocultura gaúcha

Evento que nasceu de uma feira agroindustrial local se transformou na maior celebração da carne suína no RS ao unir gastronomia, conhecimento técnico e valorização da cadeia produtiva.

O que hoje é considerado o maior evento gastronômico voltado à suinocultura no Rio Grande do Sul teve origem em uma mudança de rota estratégica e uma inspiração internacional. A Suinofest, cuja primeira edição com este nome ocorreu em 1995, surgiu como parte das comemorações dos 80 anos do município de Encantado e como homenagem à Cooperativa Dália Alimentos, fundada em 15 de junho — data que acabou definindo o mês da festa.

De Encantado a Iowa e de volta: o nascimento de uma ideia

A guinada no conceito aconteceu após uma viagem do presidente executivo da Dália Alimentos, Dr. Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, à World Pork Expo, a maior feira de suinocultura do planeta, realizada em Des Moines, Iowa (EUA).

“Lá, a feira era mais que uma vitrine de animais. Havia gastronomia, cultura, palestras técnico-científicas. Era um encontro da cadeia suinícola com o consumidor final”, relembra Freitas.

De volta ao Brasil, o executivo compartilhou a experiência com o então prefeito Adroaldo Conzatti. A proposta: transformar a tradicional feira agroindustrial de Encantado em algo mais abrangente, vivo e conectado com o consumidor. Conzatti comprou a ideia — e assim nasceu a Suinofest.

Antes de se tornar a Suinofest, Encantado promovia uma feira comercial e agroindustrial com exposição de suínos e gado leiteiro no Parque Municipal João Batista Marchese. A estrutura para alojamento dos animais foi idealizada por Freitas e José Calvi, com apoio da administração municipal.

Conhecida como a “capital do ouro branco” — expressão eternizada no hino do município — Encantado vivia um novo momento. Conzatti enxergou na suinocultura um setor estratégico e viu na Suinofest uma ferramenta para alavancar a produção e o consumo da carne suína, inclusive promovendo os condomínios de suinocultura.

“Era preciso fazer com que o visitante não apenas visse os animais, mas participasse da cadeia produtiva: provasse, conhecesse e compreendesse seu valor”, reforça Freitas.

Do curral ao palco: a reinvenção de uma tradição

O nome “Suinofest” surgiu durante as reuniões que redesenharam o evento. Desde o início, a intenção era clara: a festa não seria apenas da Dália, mas de toda a cadeia suinícola. Empresas integradoras, cooperativas, produtores e entidades do setor foram chamados a participar.

“A ideia era criar um evento regional com potencial nacional, como a Oktoberfest. Para isso, precisávamos envolver todos os atores da cadeia e abrir as portas à inovação”, afirma Freitas.

Um nome, um propósito coletivo

Desde a primeira edição, em 1995, a gastronomia ganhou destaque. O restaurante da festa passou a servir pratos à base de carne suína, com o “Leitão à Encantado” conquistando o paladar do público e se tornando a iguaria-símbolo do evento. Shows musicais também marcaram a festa — naquela estreia, o cantor Sérgio Reis se encantou com Encantado e ajudou a atrair uma multidão.

Dois anos depois, em 1997, a programação foi incrementada com um concurso gastronômico que revelou novos talentos da culinária regional. O prato vencedor foi a “Bisteca Dália”, elaborada por Luizinho Ghisleni. A Família Lima, na mesma edição, abrilhantou os palcos e reforçou a dimensão cultural da festa.

Na virada do milênio, a Prefeitura transferiu a organização do evento para a Associação Comercial e Industrial de Encantado (ACI-E), que ampliou a estrutura, instituiu o Salão Gastronômico e investiu em seminários, oficinas e feiras comerciais paralelas.

Gastronomia como protagonista

Com o passar dos anos, o componente técnico do evento — uma de suas marcas fundadoras — perdeu espaço. Mas Freitas defende sua retomada: “A Suinofest sempre teve o papel de difundir conhecimento sobre criação, abate e produção suinícola. Esse aspecto educativo precisa voltar à programação”.

Mais que um evento, a Suinofest, que em 2025 comemora 30 anos, tornou-se um símbolo da força produtiva de Encantado e da suinocultura gaúcha. Uma história que atravessou fronteiras, inovou sem perder suas raízes e ajudou a transformar um setor essencial para a economia regional.

Desafios e futuro: retomar o caráter técnico

No episódio desta semana, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, médico veterinário e presidente executivo da Dália Alimentos, conversa sem roteiro com Nolimar Perondi sobre visão de futuro, cooperativismo e identidade produtiva.

Freitas relembra os caminhos que levaram Encantado a unir desenvolvimento agroindustrial, cultura e gastronomia em torno de uma mesma ideia e, às vésperas da Suinofest 2025, conta como o evento evoluiu de uma feira agroindustrial local para a maior celebração da carne suína do Rio Grande do Sul.

Um festival que nasceu da suinocultura, mas se tornou palco de encontros, ideias e afirmação regional, com uma história que se entrelaça com a força da Dália, maior empresa do município, que gera cerca de três mil empregos diretos, tem presença em 130 municípios e R$ 2 bilhões de faturamento em 2024.

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