12/03/2025

Família Piccinini: quatro gerações, investimentos e profissionalização na atividade

Dia Internacional da Mulher: conheça a história da família Piccinini e o protagonismo de Dagmar na gestão da propriedade

Há mais de três décadas a família Piccinini da Linha Marechal Floriano, Roca Sales, se dedica à atividade leiteira, envolvendo quatro gerações e com amplos investimentos e profissionalização da gestão da propriedade.

A história começou com o avô materno do Sr. Gilberto Antônio Piccinini (65), pois a família sempre trabalhou na atividade, onde antigamente produziam queijos. Ao longo do tempo, os pais de Gilberto, Nilo (in memoriam) e a Gemma Piccinini (94), se associaram à Cooperativa Dália Alimentos em 1956. A fim de comercializar leite para a Dália, por volta dos anos de 1980, os pais de Gilberto ampliaram a produção leiteira com o melhoramento genético, trabalhando com o gado da raça holandesa.

No entanto, com o passar dos anos, em 1996, encerraram a atividade devido à idade avançada e, em 2000, Gilberto e sua esposa Dagmar Piccinini (59) retomaram a produção leiteira, aumentando a quantidade de leite produzida e mantendo o legado da família. “O Médico Veterinário Luis Henrique Kaplan (In memoriam) me fez entender que a atividade leiteira pode ser muito rentável. Além do leite, sempre plantávamos trigo e soja, mas com as estiagens, sempre dava quebra da safra e prejuízo. Por isso, destinamos essas lavouras para produção de volumosos – milho silagem, tifton, azevém e outros – que produzem o ano inteiro e assim evitamos perdas”, comenta Gilberto Piccinini, ao destacar as vantagens de investir na atividade leiteira em detrimento de outras lavouras, devido os extremos climáticos.

Gestão feminina

Atualmente, Dagmar é responsável pela gestão da propriedade e é sócia da Dália desde 2023. Enquanto ela se dedica em tempo integral à granja, seu marido Gilberto, sócio desde 1978, exerce cargo eletivo como Presidente do Conselho de Administração da Cooperativa, mas também contribui com o trabalho. A primogênita Lívia (34) também é associada desde 2023 e a caçula Letícia Piccinini (30) associou-se à Dália em 2014 e ajuda na gestão da propriedade principalmente, na parte agronômica, uma vez que é engenheira agrônoma e, portanto, responsável pelo planejamento forrageiro da propriedade, com os plantios de milho silagem, cultivos de inverno, manejos de lavouras e na compra de insumos.

Dagmar destaca a importância dos sete funcionários que cuidam do manejo de 154 animais no gado leiteiro e 1.200 suínos no ciclo de terminação. “A propriedade nos demanda muito tempo e esforço, por isso, contamos com sete funcionários constantemente capacitados que compões a equipe da granja Piccinini. Eles também garantem a alta produtividade e, mesmo com compromissos externo, meu marido e Letícia ajudam muito. Gilberto por exemplo, é quem coordena todo o plantio e a colheita dos 45 hectares destinados à atividade leiteira”, explica Dagmar.

Antes de ser produtora rural

No entanto, sua trajetória não se limitou aos afazeres na propriedade: Dagmar também trabalhou durante três décadas no comércio em Encantado. “Por muitos anos só consegui ajudar na gestão da propriedade aos finais de semana. Com o tempo, fui reduzindo minha carga horária no comércio até me aposentar definitivamente em 2015, quando decidi me dedicar exclusivamente à produção agropecuária”, revela mencionado que apesar de ser sócia com matrícula recente, ela é responsável pelo gerenciamento do negócio desde 2015.

O modesto início na produção láctea, com apenas oito animais que garantiam a subsistência familiar e a fabricação de queijos há mais de quatro décadas, deu lugar à estrutura atual. Com investimentos em tecnologia e novas técnicas de manejo, a eficiência e a escala produtiva aumentaram significativamente. “Desde que passei a me dedicar integralmente à granja realizamos grandes investimentos para uma melhor ambiência aos animais. Construímos um novo galpão no sistema Free Stall em 2016 e hoje contamos com duas estruturas para o confinamento do rebanho”, afirma.

Os segredos da alta produção

Outro fator importante foi que Dagmar se aprofundou no conhecimento técnico, realizando cursos e sempre executando as orientações do médico veterinário e técnico agropecuário. “Aprendi muito com o veterinário da Dália Luciano Redu. Mas não basta ter toda a estrutura,  é necessário muito empenho. No primeiro ano vinha para a granja antes das 5h e permanecia até final do dia, aprendendo e observando as técnicas de manejo e bem-estar animal”.

“Com os dois galpões construídos, nosso grande investimento foi a instalação do sistema de resfriamento, realizado em 2021. Isso não só aumentou nossa produção como também melhorou o bem-estar animal e elevou a taxa de prenhez”, menciona, ao enfatizar que foi necessária a instalação de placas solares devido ao alto consumo de energia elétrica durante o verão.

“Com o resfriamento, conseguimos atingir uma média de 36 litros por animal/dia durante o mês de janeiro de 2025. Esse investimento foi muito importante, pois em menos de um ano já sentimos os reflexos positivos. É fundamental manter uma rotina regrada com um bom manejo”, conclui Dagmar. Além disso, ela projeta aumentar o rebanho para 90 animais em ordenha até agosto deste ano, atingindo assim a capacidade total da propriedade.

Médico Veterinário | Luciano Redu

a propriedade da família Piccinini, o Médico Veterinário Luciano Redu, que presta assistência desde 2017, constatou o problema de estresse térmico no rebanho leiteiro, que gera diversos prejuízos, principalmente nos meses de verão, quando afeta a questão reprodutiva. “Portanto, para solução deste problema, foi instalado um sistema de resfriamento que começou a funcionar plenamente em 2022. Em um ano, observamos uma melhora no desempenho da média reprodutiva e na produção de leite por animal”, afirma Redu.

Segundo ele, a média produtiva entre os meses de janeiro, fevereiro e março, que antes variavam entre 24 e 26,5 litros por média/animal/dia até 2021, subiu para 31,7 litros em 2023 e atingiu cerca de 33 litros média por animal/dia em 2024 nos primeiros três meses do ano. “O sistema foi implementado seguindo todas as orientações técnicas, e os resultados apareceram em um ano. Vale destacar que isso não é da noite para o dia, exige um estudo de cada granja e um manejo rigoroso em relação ao cumprimento de banhos programados ao longo desses meses mais quentes”, afirmou Redu ao avaliar que houve uma melhora no desempenho do rebanho nestes meses, devido ao efetivo sistema de resfriamento adotado pela propriedade ao longo dos dois anos.

Funcionamento do sistema

O sistema é composto por ventiladores e aspersores que lançam jatos de água nos animais. Ele é acionado automaticamente quando a temperatura ultrapassa 19ºC, garantindo o conforto térmico do rebanho. O ciclo de funcionamento consiste em 40 segundos de aspersão de água, seguidos por 4 minutos de ventilação, proporcionando um resfriamento eficiente aos animais, e permanece ativo durante todo o ano, sendo desligado apenas quando as temperaturas forem iguais ou menores de 19ºC. Outra medida adotada foi a instalação de cortinas nas laterais, que funcionam como um “corredor de vento” para direcionar o vento de forma mais eficiente sobre o rebanho.

Por fim, Redu destaca que o sistema é mais intenso na sala de espera, que antecede a ordenha. A propriedade divide o rebanho em grupos de produção, conforme a programação de banho, sendo duas que antecedem a ordenha e quatro banhos na linha cocho. “Essa estratégia evita perdas de produção na litragem diária nos meses mais quentes e mantém uma média reprodutiva de concepção elevada. Nos meses quentes o sistema deve ser efetivo com a maior frequência possível de banhos”, explica o veterinário.

 

 

Legenda: Gilberto Antônio (65), caçula Letícia (30) que é agrônoma e Dagmar Piccinini (59), que assumiu a gestão da propriedade

Foto: Kástenes R Casali

Assessoria de Imprensa Cooperativa Dália Alimentos

Kástenes R. Casali

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