11/12/2025
Inovação e associativismo: dez anos dos Condomínios Leiteiros
Inovação, associativismo e sustentabilidade são alguns dos pilares que passaram a orientar os quatro Condomínios Leiteiros da Cooperativa Dália Alimentos. Eles integram o inovador Programa Associativo de Produção Leiteira, no qual a unidade de Nova Bréscia foi a primeira a iniciar as operações, em 10 de dezembro de 2015.
Seguindo, as unidades localizadas em Arroio do Meio, Roca Sales e Candelária, também passaram a operar. Na época, o investimento total foi de R$ 24 milhões, sendo R$ 6 milhões destinados a cada granja. A Granja Florença, em Roca Sales, foi inaugurada em junho de 2016; logo depois, foi a vez do Condomínio Leiteiro União do Vale, em Arroio do Meio, iniciar as atividades em setembro do mesmo ano. Já a Granja Botucaraí, em Candelária, foi a última unidade, inaugurada em julho de 2017.
Origem do projeto
O Presidente do Conselho de Administração, Gilberto Antônio Piccinini, relembra como surgiram esses empreendimentos. “A Dália sempre foi inovadora na busca por soluções. Vimos essa ideia funcionar nas Unidades Produtoras de Leitões e decidimos construir condomínios leiteiros com o mesmo conceito, proporcionando escala produtiva e solucionando o desafio da falta de mão de obra no campo”, recorda.
Segundo o dirigente, a ideia ganhou força após um intercâmbio na Europa, quando a direção da cooperativa observou, na região espanhola da Galícia, que produtores rurais investiam juntos, em formato associativo, para produzir em alta escala. “Eram pequenos produtores, com pouca disponibilidade de mão de obra e poucos animais, que provavelmente encerariam a atividade se não fosse a união dessas associações familiares.”
Nesse sentido, começou-se a discutir a criação de uma granja-modelo. “A cooperativa construiu condomínios leiteiros com sistema automatizado, por meio de parceria com a empresa sueca DeLaval, instalando a ordenha robotizada VMS para facilitar o trabalho diário. Inicialmente, reunimos os produtores; posteriormente, a Dália assumiu toda a gestão dos empreendimentos.”
Para Piccinini, os dez anos desde a inauguração do condomínio de Nova Bréscia proporcionaram aprendizados importantes, que contribuíram para a organização dos Condomínios Avícolas do Programa Frango de Corte. “O sistema associativo é relevante por permitir que pequenos produtores se organizem e viabilizem um negócio em uma propriedade estruturada, possibilitando mais qualidade de vida, como, por exemplo, a garantia de um período de férias.”
Eficiência produtiva
O Presidente Executivo, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, ressalta que o empreendimento gerou grande aprendizado sobre escala produtiva. “Percebemos que é possível transformar pequenas explorações leiteiras, com baixa escala, produtividade reduzida e pouca tecnologia, em empreendimentos associativos. Essa mudança elimina três grandes problemas típicos dos pequenos produtores, colocando os condomínios como alternativa concreta a essa realidade.”
Segundo Carlos Alberto, estimular a associação de pequenos produtores permite ampliar a escala produtiva com apoio da tecnologia e automação, resultando em ganhos expressivos de produtividade. “Quando implantamos os condomínios, tínhamos a convicção de que alcançaríamos eficiência produtiva e isso se confirmou em todos os segmentos: suínos, leite e frangos.”
No caso dos condomínios leiteiros, Freitas destaca a importância de os proprietários residirem nas proximidades. “Essa condição reduz os custos logísticos ligados à produção de volumosos e à distribuição de dejetos, fatores decisivos para a viabilidade do modelo.”
Outro aspecto fundamental é a gestão, realizada pela cooperativa por meio de suas equipes técnicas, o que acelera o amadurecimento técnico e gerencial dos produtores. “No processo administrativo, é indispensável um estatuto com cláusulas claras, definindo como são tomadas as decisões relevantes da sociedade. Além de orientar o funcionamento, isso oferece embasamento legal e reduz o risco de conflitos futuros.”
Associativismo: uma alternativa viável
O Gerente da Divisão Produção Agropecuária, Fernando Oliveira de Araujo, reforça que os condomínios leiteiros se mostraram uma alternativa viável para manter ou ampliar o fornecimento de leite às indústrias da cooperativa. “A maior contribuição do projeto, que se tornou um programa de produção, é o associativismo e sua capacidade de solucionar problemas como a falta de escala e de mão de obra nas propriedades. As granjas maiores são mais competitivas, permitem investimentos em equipamentos e tecnologia para redução de mão de obra e geram receitas que diluem custos.”
Ele explica que a gestão das granjas do Programa Associativo de Produção Integrada de Leite evoluiu desde sua implantação, proporcionando ampla experiência à cooperativa e aos associados. “Hoje, a gestão é feita pelas equipes da Dália: desde os manejos diários realizados pelos funcionários das granjas, passando pela assistência técnica e pelos setores ligados à controladoria.”
Araujo destaca que somente em agosto das 2025 às quatro granjas próprias da Dália produziram 550,4 mil litros de leite, representando 4,18% do total recebido do quadro social.
Manejos essenciais
O médico-veterinário Luciano Redu, que acompanha o programa desde o início, ressalta que o sucesso dos condomínios depende também da consistência dos processos e do grau de comprometimento dos colaboradores envolvidos na rotina. “São pessoas que recebem capacitação constante e, além dos funcionários das próprias granjas, o grupo de técnicos auxilia com consultoria nas áreas de nutrição, reprodução e qualidade do leite.”
Luciano também destaca a importância do monitoramento constante dos índices zootécnicos, no qual permite ter uma detecção precoce dos problemas e tomar uma rápida atitude, minimizando-os e evitando a persistência deles. “Frequentemente acompanhamos os plantéis em todas as fases, desde a novilha até a fase adulta. São protocolos que visam evitar enfermidades.”
Ele detalha que, atualmente, nos condomínios de Nova Bréscia e Candelária, o sistema opera com 416 vacas adultas e por volta de 350 são gado jovem. “Nessas duas unidades, hoje, estamos com uma média produtiva geral de 42 litros por animal/dia.”
Para o futuro, Luciano destaca a adoção da genotipagem, visando um “crescimento vertical”, com mais produção e menos animais. “A genotipagem é um teste aplicado em terneiras que avalia o potencial futuro do animal a partir do DNA, permitindo selecionar os melhores indivíduos. Isso otimiza a mão de obra e aprimora todo o sistema.”
Nova Bréscia: onde tudo começou
O encarregado do Condomínio Leiteiro de Nova Bréscia, Mateus da Silva Marchese, relembra que foi o primeiro colaborador da granja. “Há dez anos, acompanhei toda a construção e o alojamento dos animais. Hoje, contamos com seis funcionários divididos em quatro setores.”
Somente em Nova Bréscia são 12 hectares de extensão e, atualmente, há 180 animais em lactação. “Além dos animais lactantes e considerando novilhas e vacas pré-parto e secas temos um plantel total de 225.”
Curiosidades
Os condomínios leiteiros são denominados de Dei Produtori Di Latte Di Brescia, em Nova Bréscia; Florença, em Roca Sales; Produtores do Vale do Taquari, em Arroio do Meio e Granja Botucaraí, em Candelária.
Cada unidade tem capacidade para confinar 262 animais e alojar 210 vacas em lactação no sistema Free Stall, com ordenha robotizada.
Legendas: Em dezembro, os condomínios leiteiros completaram 10 anos de operação.
Foto: Kástenes Roberto Casali
Assessoria de Imprensa Cooperativa Dália Alimentos
Jornalista Kástenes Roberto Casali