06/10/2022
Palestras abordaram sistema de resfriamento, controle e saúde animal
Evento voltado aos associados que integram o programa Vale dos Lácteos tratou de ampliação da produção leiteira e controle de parasitas
Sistema de resfriamento e controle de ectoparasitas do rebanho leiteiro foram os temas que pautaram o encontro de associados que integram o programa Vale dos Lácteos da Cooperativa Dália Alimentos. O evento, que ocorreu na Sociedade Cultural Recreativa e Esportiva Cosuel (Screc) no dia 29/09, reuniu cerca de cem produtores.
Na ocasião, durante a manhã, o médico veterinário e cofundador da Cowcolling, pioneiro na instalação de Compost Barn no Brasil, Adriano Seddon, palestrou sobre “Como resfriar as vacas nesse verão e melhorar a rentabilidade na sua propriedade”. Já no turno da tarde, a médica veterinária da Ourofino Saúde Animal, Roberta Ferrari, abordou o “Controle de Ectoparasitas na pecuária de leite”.
Resfriamento e o bem-estar animal
Adriano Seddon aponta que Israel é um país referência em média de produção leiteira e que o sistema de resfriamento pode trazer muitos ganhos. Para expor os possíveis resultados de uma propriedade, o veterinário simulou os resultados numa calculadora disponível no site da Cowcolling. As referências utilizadas foram relativas a um rebanho de 100 vacas em lactação, produzindo uma média de 26 litros/dia, com o preço do leite fixado em R$ 3,00 e o custo em R$ 1,85/kg de matéria seca. “De acordo com o resultado, esse produtor está tendo um prejuízo de R$ 356.850,00 no ano.”
Para o veterinário, esse prejuízo pode ser recuperado com a possibilidade de resfriamento do animal. “É necessário ter escala no rebanho e obter uma média de pelo menos 40 litros/animal. No ano passado, vimos o preço do leite reduzir e mesmo assim, muitas fazendas ainda estavam ganhando muito bem.”
Entre 4ºC e 19ºC
Ele explica que a melhor forma de trabalhar com o gado leiteiro é por meio do confinamento. “Com esse sistema proporcionamos bem-estar animal, garantindo que todo o lote tem acesso à sombra, água limpa, fatores que geram bons números zootécnicos.”
Em se tratando de hidratação, Seddon recomendou disponibilizar um bebedouro a cada 20 vacas. “Eles devem ser próximos à ordenha, lugar onde perdem cerca de 3 litros de água, com redução do nível de ocitocina, causando extrema sede ao animal.”
Além disso, o médico veterinário lembra que a temperatura do gado leiteiro é o principal fator para atingir ampla produção. “Antigamente, a vaca produzia cerca de 6 litros/dia para o bezerro e era o suficiente. Hoje, com médias de 40 a 50 litros/dia, é necessário evitar o estresse térmico, que é o principal limitante da produção.”
O gestor da Cowcolling salienta que o rebanho leiteiro produz muito calor enquanto se alimenta. “O ato de ruminar gera mais calor térmico, que o animal não consegue perder. Para chegar à temperatura adequada é necessário um sistema que trabalhe com água e ventilação, pois somente o vento não penetra no pelo do animal.”
Resfriamento e reprodução
Seddon afirma que o sistema de resfriamento aumenta também a taxa de concepção. “Quanto menor for o tempo em que o animal permanece com estresse térmico, mais chances têm de emprenhar. Um rebanho que permanece por até 4h com estresse, obtém taxa de concepção de apenas 33%.”
Ele explica que a partir de 38ºC é considerado estresse térmico, com perda na produção de leite. “Existem duas formas de perceber o estresse: uma é verificar o nível de respiração durante um minuto, pois apresentando 60 ou mais movimentos respiratórios, é considerado estresse térmico; a outra maneira é por meio de um termômetro, programado para aferir a temperatura a cada 10 minutos.”
Ectoparasitas
Na parte da tarde, a médica veterinária Roberta Ferrari falou sobre o controle dos principais parasitas e enfermidades como carrapato, berne, diarreia, tristeza parasitária e verminose. “Existem alguns tratamentos para cada caso, mas o ideal é evitar os surtos.”
Roberta exemplifica que as moscas do estábulo (Stomoxys Calcitrans) e a do chifre (Haematobia irritans) se alimentam do sangue e levam o animal ao estresse, o qual, por não conseguir espantar os insetos, perde energia e se alimenta menos.
“Essas moscas possuem algumas fases, atingindo seu pico no verão. Para tanto, é necessário destinar corretamente os restos de matéria orgânica em decomposição, como fezes dos animais e restos alimentares, para inibir a proliferação das larvas.” Lembrou que essas larvas se tornam moscas e podem levar o contágio da Tristeza Parasitária Bovina (TPB).
Tristeza Parasitária
Conforme Ferrari, TPB é uma doença frequente no Brasil e é causada principalmente por protozoários e insetos como moscas e mosquitos. “São uma espécie da Babesia bovis e Babesia bigemina, provocando a Babesiose e AnapLasmose.”
Ela detalha que essas enfermidades possuem tratamento, mas é importante que o produtor mantenha os cuidados sanitários e realize um bom manejo. “Essas doenças causam algumas alterações neurológicas, sinais nervosos, redução dos movimentos ruminais, anemia e redução da lactação. A Anasplasmose por exemplo, é uma doença oportunista e ocorre quando há queda na imunidade do rebanho e no período pós-parto”, finaliza.
Legenda: Dinâmica sobre o sistema de resfriamento
Foto: Kástenes Casali
Assessoria de Imprensa Cooperativa Dália Alimentos
Jornalista Kástenes Casali