08/08/2023

Efeitos causados pelo fim de acordo de grãos

Análise: entenda como a guerra afeta o produtor brasileiro e regional, especialmente sobre os preços de cereais e fertilizantes

A guerra entre Rússia e Ucrânia foi o estopim da crise dos grãos e dos fertilizantes. Com isso, em julho do ano passado foi negociado um acordo para exportação das commodities pelo corredor do Mar Negro. Entretanto, recentemente, no dia 17 de julho, a Rússia impôs o fim desse acordo de grãos, o que afetou principalmente o abastecimento da Europa e de alguns países africanos. Mas de que forma isso impacta o setor agropecuário no Brasil e os produtores da região do Vale do Taquari? Por que a guerra tem inflacionado o preço dos fertilizantes?

Conforme o supervisor do Setor Grãos da Dália Alimentos, Roni Roese, os países mais afetados, tanto do continente europeu como africano, terão que buscar novos mercados para se abastecer, encarecendo os cereais nas regiões com maior custo de frete, e um dos países aptos a suprir parte dessa demanda é o Brasil”.

Em relação à realidade brasileira e regional, o preço do grão deve se manter estável, pois há uma supersafra no país. “O mercado de fertilizantes vem apresentando altas nos preços, com um acúmulo de 35% no ano, por exemplo, na ureia agrícola, em decorrência de duas razões: a primeira é o fechamento de fábricas de produção de nitrogenados na Europa, devido ao alto custo da energia (provocado pelo corte do gás russo que impulsionava usinas de geração de energia elétrica), o que inviabiliza o negócio. O segundo tem como causa o aumento da demanda brasileira, devido às aplicações de nitrogenados nas culturas de inverno e compras para a próxima safra”.

Mercado Interno

Roese também explica que o mercado interno tenta se estabilizar, após notícias de que a Petrobrás voltará a produzir nitrogenados no Brasil. “O setor do agronegócio é muito importante, mas infelizmente estamos 100% dependentes dos insumos externos e as fábricas de nitrogenados no Brasil beneficiariam muito o agronegócio”.

Por outro lado, o supervisor explica que os produtores que já conseguiram adquirir insumos, antes da Rússia divulgar o fim do acordo de grãos, fizeram um bom negócio. “Orientamos o produtor a se informar quanto ao mercado e buscar o melhor momento para a compra de insumos. Com o aumento da demanda, o que vale é a lei da oferta e procura, o que pode inflacionar, devido à alta procura dos insumos, mas os preços ainda estão bons para a compra”.

Para ele, tudo indica que haverá “leves altas” no preço dos grãos até o início de 2024. “Fica difícil qualquer previsão nesse mercado de longo prazo, devido as instabilidades nos mercados internacionais. Porém, os Estados Unidos plantaram 15% a mais nesse ano e, mesmo assim, estão com problemas de estiagem em algumas regiões produtoras. Ainda não temos os dados relacionados às perdas americanas, as quais podem impactar no mercado”.

No entanto, Roni explica que a expectativa para o Brasil é de mais uma supersafra em 2024, e portanto, acredita-se em preços mais estáveis dos grãos.

Perspectivas de boa safra no Brasil

Por fim, ele detalha que as perspectivas de clima favorável às lavouras nesse ano, tendem que produtores da região iniciem os plantios de milho da safra nas próximas semanas. “Acreditamos que com o clima colaborando, veremos nas próximas semanas o movimento de intensificação dos produtores para iniciar o plantio, sendo que temos expectativas que depois de três anos consecutivos com problemas de estiagem, esse ano seja de safra cheia”.

Entenda

Em suma, o produtor de grãos na região do Vale do Taquari que conseguiu adquirir insumos até o presente momento, fez bons negócios, mesmo com as altas, os preços ainda estão bem mais baixos do que no início da safra de 2022, para o setor de proteína animal, o preço dos grãos ainda manterá uma certa estabilidade por um período.

 

Legenda: Supervisor fala das perspectivas do mercado de grãos

Foto: Divulgação

Assessoria de Imprensa Cooperativa Dália Alimentos

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