16/07/2025
Família recomeça após descarte de todo o rebanho leiteiro

Descartar todo o rebanho, cumprir o vazio sanitário de 13 meses e recomeçar na atividade leiteira: foi exatamente isso que ocorreu em 2019 com o ex-Conselheiro Fiscal Daniel Frohlich (43) e sua esposa, Ana Paula Ames (42).
Moradores da localidade de Arroio Grande, em Arroio do Meio, a família Frohlich é associada à Cooperativa Dália Alimentos desde a década de 1990 e mantém a tradição leiteira herdada de gerações anteriores. A história teve início com o Sr. Danilo Frohlich (75), associado à Dália há mais de cinquenta anos e responsável por ensinar, desde cedo, o manejo dos animais ao filho Daniel.
Essa mesma dedicação foi transmitida por Daniel aos filhos Emanoel (20), e ao caçula Benjamin Frohlich (8). Emanoel formou-se técnico agrícola e há alguns anos atua como representante de uma empresa no município de Serafina Corrêa. “Já o Benjamin gosta mesmo é de estudar. É muito focado, mas ainda não sabemos se vai desenvolver o mesmo apreço do irmão mais velho pela produção agropecuária”, comenta Ana Paula.
Experiência cooperativista
Na Dália, Daniel teve o privilégio de atuar como delegado por dois mandatos e, mais recentemente, integrou o Conselho Fiscal durante os anos de 2021, 2023 e 2024. “O Conselho Fiscal marca um divisor de águas. É um aprendizado importante sobre como funciona a gestão da Cooperativa, desde o primeiro discurso do Presidente Gilberto Piccinini até o rigoroso controle nas reuniões com o Auditor Externo, Sr. Delano Colombo. Acredito que todos os delegados deveriam participar pelo menos uma vez”, ressalta.
“Todo o rebanho foi para a graxaria”
Em 2017 o casal investiu na construção de um galpão do tipo Free Stall, adotando o sistema de semiconfinamento. Durante o dia, os animais permaneciam soltos em 9 hectares de pasto, e à noite, assim como nos momentos de ordenha, eram recolhidos ao galpão.
Em 2018 após problemas de saúde dos pais de Daniel, Ana Paula passou a ajudar na propriedade integralmente.
Todavia, no início de 2020, eles enfrentaram um grave surto de tuberculose no rebanho. “Realizamos anualmente os testes de tuberculose e brucelose, mas nunca havíamos enfrentado um problema dessa gravidade. Infelizmente, tivemos que destinar todo o rebanho à graxaria. Foi pior de pandemia ou qualquer enchente que já enfrentamos”, relembra Daniel.
Ao todo, 51 animais — entre vacas lactantes, novilhas e vacas secas — foram descartados. “Estávamos apenas começando a pagar o financiamento do galpão, de vacas e de equipamentos. Felizmente, conseguimos atravessar esse período com as economias que tínhamos no banco, apoio financeiro de familiares e, também com a venda rentável de silagem e pré-secado”, destaca. Durante 13 meses, a propriedade ficou sem produção, cumprindo o vazio sanitário necessário para evitar uma nova contaminação.
O recomeço
Para retomar a atividade leiteira, o casal adquiriu novilhas e vacas adultas nos municípios de Nova Bréscia e Casca. “Investimos mais de R$ 223 mil em 38 animais e, desde agosto de 2021, estamos com este rebanho.”
Menos de um ano depois, a família enfrentou novo desafio: a perda de nove animais devido à tristeza parasitária bovina. “Não desanimamos. Identificamos rapidamente o problema e mantivemos o foco”, conta Daniel.
Com a retomada, o casal optou por confinar todo o gado leiteiro. “Como estávamos recomeçando, decidimos adotar o confinamento total. Alcançamos o ponto de equilíbrio — quando a receita da produção cobre os custos — desde o ano passado, mesmo diante das catástrofes climáticas.”
Durante as enchentes de setembro de 2023 e maio de 2024, não houve perdas de animais, mas foi necessário soltá-los ao pasto devido à invasão da água do Arroio Grande nas instalações. “Perdemos alguns medicamentos, ração, silagem, milho pronto para silagem, feno, além de alguns estragos nas instalações”.
Para mitigar parcialmente o prejuízo, o Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), e o Fundo de Desenvolvimento e Defesa Sanitária (Fundesa) disponibilizaram auxílios simbólicos por animal descartado. “O Mapa repassou cerca de 70% do valor da avaliação feita por animal estimado. Já o Fundesa pagou um valor representativo por animal. Também recebemos um auxílio de R$ 500 por cabeça repassado pelo município”.
No total, foram cerca de R$ 2,5 mil por animal que a família recebeu. “Durante seis meses recebemos do Fundesa uma espécie de auxílio alimentação. Já os recursos do MAPA foram os que mais demoraram para serem repassados”, relata o associado.
Zootecnista | Joel Antônio de Sá Manfron
O zootecnista Joel destaca a resiliência da família diante das dificuldades. “É importante lembrar que o rebanho, oriundo de lugares distintos, leva tempo para atingir melhores índices produtivos por causa de sua adaptação ao novo ambiente. Mesmo assim, Daniel e Ana Paula foram perseverantes até alcançarem médias mais expressivas.”
Atualmente, a propriedade conta com 25 vacas em lactação, com uma produção média diária de 750 litros de leite. Segundo Joel, o casal também planeja investir na modernização da sala de ordenha, com implantação de medição eletrônica.
Legendas: o casal Daniel Frohlich (43), Ana Paula Ames (42) e o caçula Benjamim (08)
Foto: Kástenes Roberto Casali
Assessoria de Imprensa Cooperativa Dália Alimentos
Jornalista Kástenes Roberto Casali