11/11/2022

No clima da Copa: ex-jogador que atualmente trabalha na Dália conta suas experiências nos vestiários

Às vésperas da Copa do Mundo, que inicia dia 20 de novembro e termina dia 18 de dezembro, a competição é considerada a mais importante para qualquer atleta futebolístico, Diante disso, nada melhor como conhecer a vida e os bastidores de quem sabe como é estar dentro dos gramados, caso do atualmente supervisor de expedição da noite, Jairo Bicca (47).

 

Jairo é natural de POA e está há 17 anos residindo em Encantado. O ex-atleta demonstrava habilidade com a bola nos pés desde cedo, tanto que, aos sete anos entrou na escolinha do Internacional e por lá ficou. “Minha mãe me levava nos treinos. Aos 14 anos passei para a base do clube e ali comecei a participar das competições mais importantes da categoria”, conta Bicca.

 

Transição para o profissional

 

O atual supervisor foi um grande destaque na posição de zagueiro e ingressou no elenco principal do time colorado em 1993. “Tinha 17 anos ainda e estava correndo em volta do campo, quando meu treinador me chamou para completar o elenco profissional durante um treino”, recorda.

 

A partir disso, Jairo passou a jogar os amistosos em todo o estado do RS. “Estive em alguns jogos no profissional naquele momento, mas em seguida, fui jogar junto com os juniores na Copa São Paulo, onde ficamos em terceiro lugar”, relembra o então zagueiro.

 

Ao regressar de São Paulo, Jairo integrou o profissional do Inter, mas seu treinador tinha uma notícia melhor. “No vestiário, o então treinador da base, Celso Roth, me chamou e falou que eu havia sido convocado para seleção sub-20.”

 

Foi uma grande temporada, pois além de atuar na categoria sub-18, Jairo conquistou um Gauchão e, até, o Sul-americano. “No ano seguinte, já em 1994, joguei no profissional ganhamos o campeonato estadual.”

 

Na Seleção sub-20

 

Estar entre os melhores na categoria sub-20 do ano de 1994 foi uma grande conquista. “Ao receber a notícia fiquei sem reação. Eu era um dos melhores zagueiros de até 20 anos no Brasil naquele momento.”

 

O ex-jogador reitera que o ambiente numa seleção é diferente de um clube. “Por se tratar dos melhores, todos querem entregar o seu melhor e há mais pressão. No entanto, nunca me deixei abalar, pois prefiro ser cobrado e desafiado, pois considero um estímulo para sempre estar me aperfeiçoando.”

 

Convocação e o jogo em Belo Horizonte

 

O ex-zagueiro recorda que a convocação da base da seleção foi o reflexo de ser o destaque em uma partida contra o Vasco da Gama. “Ao disputar a Taça BH em Minas Gerais, olheiros da seleção brasileira das categorias de base estavam acompanhando o futebol de um atacante do Vasco chamado Brener. No entanto, foi naquela partida que além de não o deixar jogar, ainda marquei um gol.”

 

Aquele confronto deixou Jairo no radar dos dirigentes técnicos da seleção nacional sub-20, o que resultou em sua convocação junto com o Brener.

 

A frustração de 1995

 

Entre os momentos mais difíceis da sua carreira, Bicca relembra de uma dividida durante um Grenal no ano de 1995, quando rompeu o ligamento cruzado do joelho. “Foi um lance casual, mas toda lesão preocupa e neste momento passaram muitas coisas pela minha cabeça, inclusive a de não conseguir mais voltar aos gramados.”

 

“Foi um período difícil, pois fiquei um ano inteiro parado. Mesmo assim, eu tinha sido convocado novamente pela categoria de base da seleção, mas não pude jogar”. Para ele, a sensação foi de frustração, mas nos anos seguintes integrou o profissional do Inter novamente.

 

Carreira

 

Jairo recorda que jogou no Internacional até o ano de 1997, quando ele e sua família investiram em um restaurante localizado em Venâncio Aires. Apesar de perder os holofotes do meio futebolístico da capital gaúcha, Jairo, nessa época, jogou no Guarani de Venâncio Aires. “Joguei pouco tempo no Guarani. Tive na minha carreira uma passagem pela Itália no time de Nápoles, Inter de Lages (SC), Uberlândia (MG), Comercial de Ribeirão Preto (SP), Esportivo de Bento Gonçalves (RS), Novo Hamburgo (RS). Em 2005, antes de anunciar minha aposentadoria dos gramados, defendi a Chapecoense.

 

Prioridades

 

Apesar de encerrar a carreira como jogador profissional, em 2005 ele teve outras oportunidades de seguir em funções técnicas, mas como já havia conhecido sua esposa, Rejane Bicca, a decisão foi de constituir família. “Cheguei a ser dirigente em clube no Mato Grosso, na cidade de Sorriso (2009) mas esse tipo de cargo me demandaria estar sempre viajando e, portanto, preferi ficar em Encantado para priorizar minha família.”

Ainda em 2007, Jairo participou de uma reestruturação do E.C. Encantado em parceria com o ex-jogador e comentarista Mauro Galvão.

 

“Correr na frente das oportunidades”

 

“Diante de tudo que vivenciei, a grande mensagem que eu assimilei é que sempre temos que correr na frente das oportunidades e por isso renunciai a uma carreira técnica no esporte. Para ter as portas abertas na Cooperativa Dália Alimentos fiz duas faculdades entre elas Processos gerenciais e Logística e uma pós-graduação MBA em Gestão em pessoas”. Para ele, esse recomeço em 2009, na cooperativa, foi desafiador, uma vez que entrou em uma área onde não tinha experiência.

 

Família

 

Hoje, Jairo se orgulha ao falar dos filhos Jonas (30) (In memoriam), William (22), Brayan (16) e Joana (9). “Ter uma família hoje é algo diferente, pois muitas delas estão se acabando, por isso, cabe-nos manter as raízes da nossa criação e os princípios que nos foram repassados, com respeito, amor e carinho”.

 

Ele também menciona as peculiaridades de cada filho:  William é mais centrado. “Ele não se deixa abalar por nada. Já o Brayan, por ser atleta e seguir a carreira de jogador de futebol, é focado e determinado em seus objetivos, vivendo fora de casa desde os 14 anos”. E a Joana, para o supervisor é o elo familiar. “Ela é especial, tem síndrome, não enxerga e é um ser de muita luz. A partir dela a nossa família ficou ainda mais unida, pois aprendemos a valorizar pequenos gestos, pequenas atitudes”, complementa.

 

Legenda: Jairo Bicca é supervisor de expedição da noite na Dália mas já foi jogador profissional e defendeu o Internacional

 

Foto: Kástenes Casali

 

Assessoria de Imprensa Cooperativa Dália Alimentos

 

Jornalista Kástenes Casali